BENZEDEIRA E REZA FORTE
21 Disse-lhe JESUS CRISTO: Mulher, podes crer-Me que a hora vem,
quando nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai.
Evangelho de JESUS CRISTO segundo São João, cap. 4:21.
Obra de Giovanni Francesco Barbieri (1591-1666).
Pintor italiano.
Até hoje a Benzedeira
Reza uma criatura
Para melhorar-lhe a postura.
A Benzedeira.
Muita gente ainda Reza
E muito preza
Esta maneira simples
De se dirigir ao Pai
Que pode dar a Paz
Que ela procura.
“Prendi meus
afetos, formosa Pepita...
mas, onde?
No tempo? No espaço? Nas névoas?
Não rias...
Prendi-me num laço de fita!”
Castro Alves
(1847-1871).
Muita gente Reza numa cantiga,
Essa maneira antiga
De ao céu se elevar.
“Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meu Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!”
Castro Alves (1847-1871).
Muita gente até agora
De hora em hora
Faz uma Reza enorme
Quando se cobre
Para poder dormir,
Ou se descobre
Ao se levantar.
Muita gente Reza de verdade
Para que a Humanidade
Possa ser feliz.
Tem gente à beça
Fazendo uma Reza Forte
Para se livrar do bote
De uma serpente.
É essa Reza imensa
Que nunca diminui a crença
Do grande e pequeno devoto,
Que fez o seu voto
De fidelidade ao Pai Celestial
Que criou o seu Espírito Imortal
Numa Vida Eterna.
“Na hora em que a
terra dorme
enrolada em frios véus,
eu ouço uma reza enorme
enchendo o abismo dos céus.”
Castro Alves (1847-1871).
Poeta brasileiro.